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Ensopada por uma espécie de luto e uma dura autenticidade

Atualizado: 9 de jan.



essa semana foi uma insensatez

atarantada babélica desordenada

alimentei as paranoias

ofereci um espaço para fazerem uma festa dentro de mim -

fogos bombeavam no peito

uma cachoeira escorria pela maçã do rosto

embebedei o desejo de cavar até as entranhas -

sugada pela estranha sede de esmiuçar o sofrimento

balbúrdia interna generalizada descontrolada

que limitam o sono e exigem que façamos força para simplesmente respirar


achei que o mundo estivesse esgotado da minha existência

estimei que a lei da gravidade fosse

me descartar do seu complexo manual de funcionamento

supus que os íntimos estivessem se esquivando do meu corpo

lágrimas de uma criança ferida e abandonada

ânsias de um ser sufocado

por seus próprios medos

tensão de uma mente inundada em angústias - inventadas ou não

não era o mundo que se cansava de mim

era eu que me sentia farta

do meu próprio organismo e consumida pela selvageria interna

exaurida das típicas obsessões

dos mais intensos delírios

exausta da destruidora procrastinação


a ilusória infertilidade

os lugares que ia e as pessoas que via

a momentânea passividade

o corpo que só se deitava e pouco existia


tédio


árida com o desrespeito ao meu próprio espaço

ao meu próprio tempo

à minha própria presença

cansada de me afogar

– constantemente –

na enchente do meu mar


eu corpo-alagado doente de si

estranha ao fogo

alheia ao vento

mumificada.


-


vou me levantar

espreguiçar as estruturas

tomar um banho quente

deixar a água escorrer

lavar cada parte do pé

desembaraçar o cabelo


me alienar na brecha entre uma morte e outra








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