Fotografias por Rafael Adorjan na Casa da Escada Colorida - Rio de Janeiro
um convite ao corpo no tempo
CURADORIA CÉLIA BARROS E ELISA CASTRO
EXPOSIÇÃO ENCONTROS ÊXTIMOS
CENOGRAFIA CLAUDIA TAYLOR
A obra "Um convite ao corpo no tempo" faz parte da exposição coletiva Encontros Êxtimos, cuja materialização é fruto de um processo de oito meses do grupo de acompanhamento artístico e desenvolvimento de projetos criativos em arte e saúde mental, com orientação de Célia Barros e Elisa Castro. A exposição esteve no Rio de Janeiro na Casa da Escada Colorida do dia 02 de dezembro, 2023, ao dia 09 de janeiro, 2024.
Espaço vazio de palavra escrita,
feito de matéria movente.
Território-vivo,
aberto para receber corpos.
O que é oferecido é o espaço.
A experiência como obra da arte.
Com o movimento e o gesto que lhe é possível,
o corpo que entra escreve no espaço.
Palavra escrita pelo corpo,
pela memória,
pela dança dos tecidos,
pelos sonhos, desejos, medos, fantasias (...)
palavra escrita pela vida-viva.
O encontro é com a experiência
subjetiva ou coletiva.
Corpos provocados.
inflamados pelo som,
expostos à arquitetura dos lençóis
sujeitos ao deslocamento para um espaço–outro de tempo.
A entrada é um convite.
Um convite ao tempo movente.
Um convite à cabana de lençol que montava quando pequena.
(memória)
rito
A construção: um rito.
Era preciso do corpo.
Senta no chão,
escolhe os lençóis,
e com as duas mãos pequenas de pouca vida,
começa a amarrar uma ponta na outra.
Com o gesto do corpo, criavamos o nosso espaço.
Parimos um território seguro e destacado do mundo.
Nosso universo - “nada miúdo”-
onde dançávamos no tempo construindo a nossa própria história.
Na cabana, tempos se cruzavam.
Aos cinco anos, gingávamos pelo senhor tempo.
Era mãe, avó, atriz, cozinheira, cantora(...)
já tinha ido à lua, beijado o sol e abraçado a estrela.
Nesse espaço-outro,
encontrava desejos, sonhos, fantasias.
embriagada pela vivacidade da imaginação,
encontrava naquele território seguro possibilidades de existências.
Era lugar de tempos vivos.
sem contorno.
a cabana era o nosso espaço.
espaço-corpo.
território de deslocamento de um tempo cronus para um tempo vivo-movente.
lugar seguro do mundo, onde o tempo não escorria.
uma experiência no espaço-tempo onde a intimidade é viva
o desejo aceso
a imaginação fértil
os sonhos ilimitados
as possibilidades infinitas.
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Fotografias por Rafael Adorjan na Casa da Escada Colorida - Rio de Janeiro
Um convite ao corpo no tempo é uma instalação imersiva que convoca o corpo a deslocar-se no espaço. Na possibilidade de fazer do desejo uma morada, (re)criei a cabana como espaço-tempo para a experiência do sujeito. Em “Um convite ao corpo no tempo”, convido o público a entrar na cabana e mover a vida que dança no tempo. Essa é uma pesquisa viva que visa (a)bordar o tempo através do corpo. Parto das indagações: “O que pode o corpo que move?”; “Como habitar o tempo que gira?”. Além das memórias-vivas que carrego comigo, a pesquisa tem como base de referência a poética da ensaísta e dramaturga Leda Maria Martins e a sua forma de pensar o tempo em espirais.
o corpo na cabana: uma experiência coletiva e subjetiva
espaço criado a partir da experiência do sujeito
Um convite ao corpo no tempo faz parte da concepção de uma obra que necessita do outro para acontecer. A obra quando vazia oferece um espaço vivo que convoca o público a entrar, mas é a experiência individual de cada sujeito que dá vida ao lugar construído. O sujeito se faz necessário para a completude da instalação. Na cabana, a participação imprevisível do público é capaz de enriquecer a obra. O envolvimento e a ação de cada sujeito faz parte do processo de construção da experiência do trabalho.
Cada corpo cria a sua experiência na cabana. A obra oferece um espaço coletivo... (...)
cabana como palco para a experiência .. para o acontecimento (focar aqui)
qual é o efeito que a caban tem em cada sujeito?
espaço-corpo: a morada do desejo
(parágrafo poético sobre estar próximo ao desejo e sonho)
A cabana possibilita o encontro com o desejo, com os sonhos da criança.
(é uma cabana que protege mas também isola)
(trazer indagações)
(tentativa de criar o nosso espaço)
Registros da artista na Casa da Escada Colorida - Rio de Janeiro
"No corpo o tempo bailarina."
LEDA MARIA MARTINS
Vídeo criado a partir das fotografias tiradas por Rafael Adorjan na Casa da Escada Colorida, Rio de Janeiro.
"entregar-se ao tempo da experiência"
A obra "Um convite ao corpo no tempo" deu corpo a obra "Memórias de um convite ao corpo no tempo", que documenta, de forma poética, as vivências no corpo-cabana no Rio de Janeiro. "Memórias de um convite ao corpo no tempo" esteve na exposição Encontros Êxtimos na Casa Contemporânea, São Paulo, do dia 30 de janeiro ao dia 09 de março, 2024. Clique aqui para conhecer um pouco mais obre a obra que carrega memória no nome.